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Cúpula do G7 no Japão será realizada entre deuses e pérolas

25 mai 2016 - 18h12
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Barack Obama, Angela Merkel, David Cameron e os demais líderes que fazem parte do seleto clube do G7, formado pelas sete maiores economias do mundo, se reúnem a partir de amanhã na cidade japonesa de Shima, um lugar dedicado ao cultivo de pérolas e onde habitam os milhões de deuses do xintoísmo japonês.

Os dirigentes das principais potências mundiais chegam nesta quarta-feira ao "coração" religioso do Japão, Mie, no centro do país e onde está o santuário de Ise Jingu, Meca do xintoísmo e para onde se deve peregrinar pelo menos uma vez na vida, segundo a tradição japonesa.

Se a última cúpula do G7 teve como cenário a bucólica cidade alemã de Elmau, desta vez acontecerá na península de Shima, um extenso parque natural recheado de ilhotas e aberto ao oceano Pacífico.

Ali os líderes das nações mais prosperas conversarão sobre o desempenho da economia mundial, a possibilidade que se produza uma recessão global e a queda livre do preço do petróleo, sendo esse último item precisamente o que provocou o nascimento desta cúpula em 1975, embora então tenha sido por causa de seu encarecimento.

Se após o intenso debate ainda tiverem apetite, Obama, François Hollande, Merkel, Cameron, Matteo Renzi e Justin Trudeau poderão desfrutar da deliciosa gastronomia da região, cuja base são os produtos do mar, especialmente as ostras e a lagosta.

Pode ser que sejam as "ama", mergulhadoras que trabalham sem máscaras de oxigênio nesta área do Japão há séculos e das quais ainda restam cerca de 800 na península de Shima, as que pesquem os moluscos que mais tarde serão degustados pelos líderes.

Os membros do G7 se hospedarão no luxuoso Shima Kanko Hotel, com vista para a baía de Ago, o primeiro lugar no mundo no qual se praticou o cultivo de pérolas.

Desde sua abertura, em 1951, se alojaram no estabelecimento, entre outros, o já falecido imperador Showa - que foi sucedido por seu filho Akihito, atualmente no cargo -, a romancista Toyoko Yamasaki e o príncipe Rainier de Mônaco junto com sua esposa, a falecida atriz Grace Kelly.

Situado na diminuta ilha de Kashikojima, de 660 metros quadrados e habitada por apenas uma centena de pessoas, o lugar está comunicado através de duas pontes com a península de Shima, um difícil acesso que favorece as fortes medidas de segurança que rodeiam esta reunião de altos líderes.

Além disso, o complexo hoteleiro, o primeiro de estilo ocidental aberto após a Segunda Guerra Mundial, permaneceu fechado desde maio de 2015 para tarefas de acondicionamento e o preço por noite no quarto mais econômico é de 50.000 ienes (cerca de R$ 1.600), segundo seu site.

O estabelecimento conta com 50 suítes de cem metros quadrados adornadas com cerca de 50.000 pérolas cultivadas na região, segundo detalha a imprensa local. A expectativa é que os líderes descansem nestes quartos, que contam com um alto grau de privacidade e segurança.

Nesse sentido, as autoridades japonesas anunciaram que o serviço na linha de trem Kinetsu, com uma parada a cerca de 300 metros do hotel, estará suspenso.

Durante sua estadia em Mie, os dirigentes também poderão relaxar nos tradicionais e movimentados "onsen", banhos termais de águas vulcânicas muito populares entre os japoneses por suas propriedades para a saúde e onde se deve estar vestido com a yukata, um traje tradicional.

A previsão é que visitem o templo de Ise Jingu, o principal santuário do xintoísmo - a originária religião japonesa, prévia à chegada e expansão do budismo ao país asiático - e considerado o lugar mais sagrado pelos japoneses.

Ali poderão imitar o ritual que realizam os fiéis para rogar um desejo aos deuses: lançar uma moeda em um fosso, realizar uma reverência, dar duas fortes palmadas e efetuar uma nova inclinação. Talvez seus desejos incluam melhoras na vida dos milhões de pessoas que habitam os países que governam... ou não.

EFE   
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