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Armazém de Tesouros Nacionais esconde passos de Jesus na Terra Santa

9 abr 2017 - 06h02
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O modo como os habitantes da Terra Santa nos tempos de Jesus comiam, bebiam e morriam é revelado pelas descobertas arqueológicas guardadas no arquivo mais extenso deste tipo sobre o antigo oriente, de propriedade de Israel: o Armazém dos Tesouros Nacionais.

Em seus longos corredores, fechados para o público, em um grande depósito de Bet Shemesh (a poucos quilômetros de Jerusalém), está guardada em um milhão de objetos a história subscrita no solo desta região santa para cristãos, judeus e muçulmanos.

"Nosso objetivo é mostrar os objetos que têm relação com a vida de Jesus ou sua época. Não temos utensílios que podemos atribuir exatamente a pessoas, mas que servem para nos dar o contexto que vai do século I a.C. ao I d.C.", explicou à Agência Efe a curadora do Departamento de Antiguidades de Israel, Débora Ben Ami.

Entre vasilhas, pratos, copos e ossários gravados com alguns dos nomes mais comuns da época e que transcenderam pelas sagradas escrituras, como José, Maria e Jesus, Débora fala de um osso conservado em um destes pequenos depositários fúnebres e que está atravessado por um grande prego, que dá pistas sobre os métodos de crucificação empregados durante o império romano.

É o único segmento ósseo perfurado por um objeto encontrado até o momento, afirmou a curadora, na parte do corpo que corresponde ao calcanhar de um homem, o que indica que ele foi crucificado com as pernas em paralelo, um procedimento diferente ao da figura que conhecemos de Jesus Cristo na cruz, com um pé sobre o outro.

Outros utensílios estavam nas casas dos sacerdotes da época ou da alta sociedade em Jerusalém, alguns de vidro, cerâmica local ou importada da Ásia e da Europa, e outros fabricados com pedra caliça que, de acordo com a lei judaica, purifica.

"Por um lado, mostram o respeito às leis judaicas; por outro, a abertura à moda e estilos de uso (de materiais) mais de Roma e do Oriente médio", comentou Débora.

A curadora destacou que todas estas descobertas "permitem visualizar melhor o momento em que o cristianismo se estabeleceu", porque o público, em geral, está mais acostumado a ver os objetos da era bizantina, quando tal religião já estava mais difundida.

É justamente desse período, que se estendeu entre os séculos IV e XV d.C., que datam vários vasos, cruzes, frascos e relicários de propriedade dos cristãos residentes ou devolvidos por peregrinos, que os levavam como recordação quando visitavam a Terra Santa.

Uma tradição que continua até hoje, com 53% de turistas cristãos - 20% peregrinos - que visitam um local onde a religião continua sendo um dos maiores atrativos e o principal segmento de mercado, apontou Uri Sharon, do Ministério do Turismo de Israel.

A Terra Santa "é o lugar adequado para tocar Jesus, ver onde viveu, passeou e comeu", argumentou.

Sharon citou como exemplo o êxtase de alguns devotos ao rezar entre as históricas oliveiras do Jardim do Getsêmani, aos pés do Monte das Oliveiras e de frente para a Cidade Antiga de Jerusalém, onde, segundo a tradição cristã, Jesus passou suas últimas horas antes de ser preso e depois crucificado.

"É uma experiência transformadora que muda sua maneira de ler a Bíblia para sempre", resumiu Sharon.

Cientificamente, o vínculo é indubitável, segundo o diretor do departamento de Arqueologia da

Autoridade de Antiguidades israelense, Gideon Avni.

Avni assegurou que um terço dos artigos expostos nas paredes destes armazéns, onde vão parar todos os objetos extraídos do solo israelense e de Jerusalém (cuja parte oriental está ocupada por Israel desde 1967), está conectado com a presença cristã na Terra Santa, desde a época de Cristo até o período dos cruzadas "e além".

"As descobertas arqueológicas oferecem uma base científica à reconstrução da vida diária nos tempos de Cristo", frisou o arqueólogo.

EFE   
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