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Virtudes espirituais para o crescimento verdadeiro

15 abr 2017 - 16h19
(atualizado em 17/4/2017 às 11h00)
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“Blam”, ele ouviu a porta da ambulância batendo. “Clac”, era a fechadura girando e travando. Foi o som que disparou, como o tiro numa corrida de 100 metros, um cronômetro muito estranho, com os segundos preguiçosos, alongados, como se o tempo não pingasse mais gota a gota de água, se estendesse, viscoso, um puxa de mel, lento, escorrendo como uma lesma no mármore frio.

Foto: ArtyFree / iStock

Ele, olhos fechado, cego às avessas, via tudo dentro e por dentro. Sua mente, transformada em tela escura, permitia a demorada projeção indescritível de uma lucidez clara, oposta ao breu, sol do meio dia quando as coisas, pessoas e acontecimentos se tornam absolutos, não deitam sombra alguma.

Compreendeu, no átimo de uma rápida pincelada, piscar de olhos, verdades que tangenciara a vida inteira; roçando, tocando de leve, sem jamais poder abraçar. Começou então a subir por uma escada sem degraus – extraordinária, enigmática, misteriosa.

Num pesado esforço conseguiu erguer o pé esquerdo, deu um impulso para cima no exato momento lerdo em que ouvia sua própria voz sussurrando no seu ouvido: “Não tenho lar, faço da humildade meu lar".

“Bééém”, um alarme disparou num dos aparelhinhos ao lado da maca, a tela piscando. Ele se esforçou imensamente para trocar o passo, sempre sentido ascendente. Quando o pé direito ultrapassou o esquerdo, novamente sua voz sussurrando: “não tenho poder, faço da calma meu poder”.

“Vuco, vuco”, uma agitação qualquer, difícil de ser definida, tudo balançando e ele, redobrando as forças, troca de novo o passo, pé esquerdo acima. Sua voz: “não tenho corpo, faço da fé meu corpo”.

Ao redor, o barulho e a agitação, depois de crescerem bastante, começam a se dissolver como o sal se dilui na água. Puxando o pé direito para se postar lado a lado com o esquerdo ele, exausto, no terceiro degrau, recebe outra vez sua própria voz: “não tenho milagre, faço do amor o meu m,ilagre”.

Ali no alto, vendo tudo de cima, notou como as perturbações, os desordenamentos, os tumultos, lá embaixo, ficam pequenos. Sabendo que seria derradeira possibilidade de escutar aquela sua voz, abriu os braços, inclinou-se para frente e a acolheu uma última vez: “não tenho morte, faço da eternidade a minha morte”.

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

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Fonte: Especial para Terra
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