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As experiências que queimam como folha de papel em branco

1 mar 2017 - 11h14
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Uma folha em branco é o princípio de qualquer projeto. Toda carta, livro, lei principia numa folha. Sempre quando começo uma consulta tenho diante de mim uma folha em branco. Anotarei nela as coisas importantes para seguir acompanhando meu cliente.

Na medida em que vou povoando a folha, percebo que e o mesmo vai se passando no plano da espiritualidade: o desenho de destino de quem está diante de mim brota, figuras se revelam, ganham contornos, revelam detalhes. Os vazios se preenchem: a folha com letras, setas, esquemas; a vida com desdobramentos, esclarecimentos, elucidações.

Foto: Getty Images

Assim passei a gostar e valorizar cada vez mais, com sua liberdade de caminhos, da folha em branco: mistura tremenda de simplicidade e riqueza. Diante dela, tudo é abertura, criatividade, possibilidade. Do branco ao infinito, o convite à obra.

Ao longo dos anos, aprendi também que a resolução esotérica da folha é o fogo. Papel e chama são pares complementares de mistério e magia. Minha ficha de atendimento, um texto de filosofia, uma página de jornal, um ensaio importante, um poema comovente, um pôster de revista masculina, um documento decisivo, uma fotografia querida, uma procuração contundente, uma carteira de identidade, um maço de dinheiro – na hora de queimar, tudo não passa de papel.

O fogo, desfazendo a ordem, aumentando a entropia, consome tudo. Não julga, não pondera, não discerne. Para o fogo, papel é papel, qualquer papel é papel, todos iguais, independente do que aloje e transporte.

Com nossas experiências de vida acontece o mesmo. Coisas grandiosas, mais ou menos importantes, pequenas, tanto faz, tudo é material de combustão – queima, vira cinzas, se dispersa.

Já pensou na pilha de vivências, no volume de folhas e mais folhas que torramos. Mais ou menos importante esse material vira cinzas depois de arder. No entanto, na dimensão profunda do espiritual, tudo aquilo que foi matéria vivida ganha diferente destinação: permanece para ser utilizado, de acordo com as nossas necessidades, auxiliando no tocar adiante.

O que fazer nesse nosso mundo que carboniza depressa todas as coisas? Quando tudo calcina num ritmo alucinante, quando demandas e importâncias se tornam cada vez mais difíceis de precisar devemos nos esforçar para, jogando fora tanto papel inútil, guardar o que for substantivo e digno.

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Fonte: Marina Gold
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