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Entender nossos limites é sinal de sabedoria e emancipação

9 jan 2017 - 10h00
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Nesse início de ano, época de renovar, atenção: arrogância e egoísmo dão as mãos, se fortalecem, nos iludem e enganam. Somos pequenos, partículas, não devemos cair no erro de acreditar numa sonhada autossuficiência. Nossa condição humana é de dependência e interdependências recíprocas. Não nos bastamos por nós mesmos, nem a pessoa mais poderosa pode viver em total solidão.

Uma grande lição é compreender que você não é uma entidade isolada, ganhar a consciência de que você representa uma peça no quebra-cabeça da humanidade, claro, é essencial, mas de forma alguma única e, pior, insubstituível.

Essa lição nos agita, faz tremer sob nossos pés o chão de certezas que preferimos pisar. É difícil não ter uma compreensão apenas parcial das coisas que nos cercam. Em geral, somos levados a pensar que nossa visão de mundo e dos fenômenos, mais do que correta, é a única com possibilidade de estar correta. Triste ilusão, lastimoso equívoco.

Busque refúgio no caráter, na consciência e no crescimento espiritual
Busque refúgio no caráter, na consciência e no crescimento espiritual
Foto: S_Hoss / iStock

É preciso lucidez e coragem para descer das montanhas de autosuficiência e passar a conviver nas planícies das verdadeiras relações humanas. Viver a vida como se fosse um banquete onde você deve se comportar com cortesia. Quando as iguarias forem passando, é correto estender as mãos para servir-se de uma porção moderada. Se algum prato não lhe for apresentado, aproveito o que já está no seu. Se ele ainda não chegou até você, espere pacientemente a sua vez. Comedimento, gratidão e cortesia devem ocupar o vazio perigoso de um egoísmo marcado por cobiça, inveja, sonhos de posse e poder.

Aristóteles, na Grécia Antiga ensinava: a avaliação equilibrada, a moderação e a escolha do “meio-termo” são as únicas estratégias corretas e eficazes a serem perseguidas em meio às realidades cambiantes, inconsistentes e assustadoramente variantes. Muitos, por não alcançarem tal amadurecimento, padecem de estranha e frequente melancolia em meio à abundância, um assombro cheio de desgosto que irrompe, paradoxalmente, em condições de calma e tranquilidade.

Atualmente se acompanha muito disso. Onipotência obscurecendo o bom senso, crueldade acima da boa vontade e angústia bloqueando o andar de boa vida. Vazias opiniões, imitações, falsidades, adorações e vaidades — muitas vaidades. Quem poderá nos proteger?

A arma poderosa é entender nosso diminuto lugar no plano cósmico e imenso que nos engolfa. Alcançar a compreensão da insignificância de nossa presença no mundo, insignificância aterradora quando comparada com a eternidade imperturbável desse mesmo mundo. Aí então, partindo do zero, esvaziando as forças da arrogância e do egoísmo, buscar refúgio no caráter, na consciência e no crescimento espiritual. Investir no trabalho, frugalidade, integridade, dignidade, simplicidade, contentamento, coragem, abnegação, independência, firmeza e gentileza. 

Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.

Fonte: Especial para Terra
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