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Nova geração de avós está mais ativa e conectada

As vovós do século 21 não querem saber de ficar em casa

23 ago 2016 - 08h00
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A geração de mulheres que chega agora à idade de ter netos está provando que ser avó não tem nada a ver com ser velha. Mais conectadas, atentas a evoluções tecnológicas, seguras e produtivas, elas deixam para trás a imagem antiga de que a sociedade tem sobre as avós: de uma senhora parada, quieta, sem muitos planos ou atividades pessoais.

Para a psicóloga Ruth Gelehrter Lopes, professora doutora do Programa de Estudos Pós Graduados em Gerontologia da PUC-SP, as novas gerações de avós querem diálogo, e não ficar na posição de idosos submissos. “A cada tempo você tem que ver qual é a geração que envelhece e o que ela demanda. As generalizações sobre envelhecimento vão sendo desconstruídas”, diz.

Avó de três netos, Mary é psicanalista, tem 67 anos e já perdeu as contas de quantos aplicativos tem no celular
Avó de três netos, Mary é psicanalista, tem 67 anos e já perdeu as contas de quantos aplicativos tem no celular
Foto: Arquivo pessoal

Ruth explica que, hoje, coexistem três gerações diferentes de mulheres exercendo a avosidade. Ainda há mulheres que pararam de trabalhar e foram sustentadas pelos maridos para criar os filhos, e há também muitas mulheres que, apesar de trabalharem, cuidarem dos filhos, ainda veem o marido como autoridade da casa.

“Da mesma forma, já começam a aparecer mulheres que trabalharam, se separaram, se sustentaram, viajaram, então passam a lidar com esse momento da velhice sem um companheiro de outra forma, como um momento de autonomia e libertação. Você já começa a ver características do envelhecimento mudando”, afirma.

Fã dos aplicativos

Avó de três netos, a psicanalista de Porto Alegre Mary Djanira Oliveira, de 67 anos, perdeu as contas de quantos aplicativos têm no smartphone. Entre os preferidos, estão os de música. “Passo o tempo inteiro com a caixinha de som, enquanto estou me arrumando, por exemplo. Eu amo”.

Apesar de não ver os netos com frequência (dois moram em São Paulo e um em Florianópolis), a distância às vezes é quebrada pelo uso do Facetime, programa para chamadas em vídeo. Além de usar Facebook e Whatsapp, Mary também é fã de aplicativos de fotografia, como Instagram e Pinterest, duas redes sociais de fotos e imagens. 

“Amo usar a câmera do smartphone para registrar e editar imagens, corrigir fotos e postar nas redes sociais. Nem tenho mais câmera e nem sei mais usar. Sei usar hoje mais o smartphone do que uma câmera antiga”, conta.

Mas para Mary não é só a conexão com tecnologia que a mantém jovem. Ela já foi halterofilista e dos 45 aos 60 anos jogou pádel, chegando a ser classificada para o campeonato mundial aos 60 anos. Acabou não podendo ir por causa de duas hérnias na lombar. A lesão a fez também parar com o halterofilismo. Hoje, faz musculação. 

“Sou completamente diferente da minha mãe e da minha avó. Sinto que sou uma pessoa de transição: uma mulher de quase 70, mas a minha postura, o meu jeito deixam meu visual mais jovial. E não é algo forçado. A minha avó, na minha idade, era uma velhinha. Hoje, o envelhecimento é diferente”, afirma. 

Celia com uma de suas netas no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro
Celia com uma de suas netas no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro
Foto: Arquivo pessoal

Nada de tricô

A professora aposentada Celia Abreu de Almeida, 76, tem no Whatsapp um aliado para saber quando os familiares vêm almoçar. “É muito mais fácil se comunicar hoje em dia”. Avó de três netas, mora com duas, e a convivência é muito próxima. Carioca, sempre morou no Rio de Janeiro e gosta de manter uma rotina ativa e produtiva. 

“Gosto de fazer bastante coisa, não gosto de ficar parada dentro de casa, cansa muito e vai endurecendo seus músculos, seus movimentos. Duas vezes por semana faço pilates e agora vou pedir um atestado ao cardiologista para fazer musculação. Pessoas de idade não podem ficar vendo televisão”. 

Celia lembra das avós e se sente muito mais ativa. Ela até aprendeu a bordar e a fazer tricô - duas atividades que frequentemente via as avós fazendo, em casa - mas quase não tem tempo para isso. “Nunca vi minha avó fazendo o que faço. Antigamente, você ficava em casa bordando. Até gosto de fazer essas coisas, mas nem tenho tempo. Vou à ginástica, saio, vou ao shopping”.  

A próxima empreitada de Celia é aprender a mexer no computador: “Estou vendo um curso aqui por perto. É bom porque melhora também seu nível mental. É incrível, né, eu não saber isso.”

Fonte: Terra
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