PUBLICIDADE

Papa jesuíta aumenta interesse turístico por missões no Sul do país

18 jan 2015 - 10h11
Compartilhar

A escolha do argentino Jorge Mario Bergoglio, um jesuíta, para papa revitalizou o interesse turístico nas ruínas das missões jesuíticas da fronteira entre Brasil e Argentina, que atraem olhares para a história e a cultura da relação entre indígenas e religiosos católicos.

A parte brasileira das missões jesuíticas é formada por sete cidades do estado do Rio Grande do Sul, entre elas São Miguel das Missões, declarada em 1983 Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

Na busca de contato com a "energia religiosa", o sítio arqueológico de São Miguel das Missões recebe cerca de 80 mil visitantes por ano que vão conhecer as ruínas dos povoados construídos pelos jesuítas portugueses e espanhóis e os originais guaranis em 1687.

"Há alguns anos a visita concentrava um público maior de estudantes devido ao contato com a história e a aprendizagem, mas com a indicação do papa Francisco, que é um jesuíta missionário, os grupos de famílias incrementaram o fluxo turístico", declarou à Agência Efe a secretária de Turismo da cidade, Izabel Ribas.

Ribas contou que a busca da "energia missionária" e os símbolos de fé são os principais motivos para a visita de famílias, que também pode incluir no passeio um encontro com rezadeiros missionários, que estão nos arredores do local e são conhecidos por replicar bençãos de seus antepassados guaranis.

"Destaco a paisagem mística de religiosidade que diferencia a região", disse a secretária, lembrando que é necessário promover um circuito turístico que inclua as missões argentinas, brasileiras e paraguaias.

São Miguel é o maior dos sete povoados jesuíticos brasileiros e chegou a registrar, em meados de século XVII, cerca de cinco mil habitantes vivendo em um regime comunitário.

Originalmente os europeus chamaram esse local missionário de São Miguel Arcanjo e, séculos depois, já como município do Rio Grande do Sul, foi incluída a palavra Missões, ao nome do santo padroeiro da cidade.

A entrada do sítio arqueológico impressiona pela magnitude e sofisticação que existiam nos séculos passados. No centro, a cruz missionária inspirada na cultura espanhola e as ruínas de 30 metros de altura da Catedral de São Miguel Arcanjo eternizam uma conexão com o passado das origens brasileiras.

A catedral foi a primeira obra missionária construída no local pelos guaranis, em 1735, com pedra de arenito, colunas inspiradas na cultura romana, que permite aos visitantes desfrutar das marcas históricas do lugar.

Da construção original, há vestígios do colégio, da casa dos padres e do cemitério. Além disso, o lugar conta com o maior arquivo brasileiro de esculturas religiosas feitas pelos indígenas ou usadas desde a Europa.

Estas heranças estão expostas no espaço "Museu das Missões", que foi projetado pelo urbanista Lúcio Costa como uma réplica das casas indígenas.

Após explorar as ruínas durante o dia, à noite é oferecido ao visitante o espetáculo de uma hora de duração "Som e Luz", que narra a história da região com as ruínas como palco.

O espaço, com arvoredos, também esconde vestígios da resistência dos índios nativos, principalmente durante a demarcação territorial entre Portugal e Espanha decidida no Tratado de Madri de 1750, que retirou a população guarani que vivia nessa região.

Sepé Tiaraju foi a figura principal da liderança guarani nesse período e muitas imagens dele podem ser vistas na cidade, lembrando o período de aniquilamento indígena e o sincretismo cultural.

"Este lugar é mágico. A defesa desta terra pelos indígenas representa uma dos mais fortes e belas histórias do Rio Grande do Sul e demonstra a força deste povo, o orgulho de sua origem e de sua terra", afirma a estudante brasileira Juliana Gomes.

Além de São Miguel das Missões, o circuito oeste do Rio Grande do Sul é formado por outros seis povoados missionários que também abriram os braços ao turismo, como São Francisco de Borja, São Nicolau, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Angelo Custódio.

EFE   
Compartilhar
Publicidade