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Mudança climática se torna alternativa para turismo no Peru

20 jul 2014 - 06h38
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Apesar de ser um dos países mais afetados pela mudança climática, o Peru procura transformar este cenário em uma opção turística para divulgar as alternativas de adaptação desenvolvidas no Parque Nacional Huascarán, uma região de climas diversos, florestas andinas e picos nevados considerados "eternos" até poucos anos.

O Parque Nacional Huascarán, que administra o Serviço Nacional de Áreas Naturais Protegidas pelo Estado (Sernanp), fica na região de Áncash, no norte do país, e é considerado uma das principais alternativas para a atividade turística no Peru, por seus espaços naturais, rica história e legado cultural, assim como oportunidades para os esportes de aventura.

Por esse motivo, o Sernanp apresentou uma renovada Rota da Mudança Climática do nevado Pastoruri, uma montanha considerada durante décadas como um espaço natural de grande atração turística, pela facilidade de acesso aos picos cobertos de neve, que nos últimos anos diminuíram por causa do clima.

O Sernanp informou que, por causa da diminuição do fluxo de visitas pelo retrocesso de sua massa geleira, decidiu lançar uma proposta em uma área natural protegida, das 77 que o Peru tem, que também exibe restos fossilizados de flora e fauna datados "de milhares ou talvez milhões de anos".

"Isto se conjuga perfeitamente com os serviços ambientais que o Parque Nacional Huascarán presta, entre eles o potencial hidrológico, o qual gera quantidade e qualidade de água na área", explicou o órgão.

A mudança climática transformou a Cordilheira Blanca, na região Áncash, em "um espaço altamente vulnerável", já que em 33 anos perdeu mais de 27% de sua superfície gelada.

No entanto, o Sernanp reforçou que, "ao contrário de todo pessimismo", a mudança climática gerou um grande interesse turístico e já se acredita que permitirá reavivar oportunidades de desenvolvimento para povoações como a comunidade camponesa de Cátac, que está em uma área adjacente à natural protegida.

O novo circuito turístico começa no Centro de Interpretação da Rota da Mudança Climática, um local onde são usadas maquetes, painéis e salas de vídeo para explicar ao visitante os efeitos do que acontece no país.

"A ideia é gerar uma corrente de informação sobre esta nova proposta, onde o visitante possa observar onde estava a geleira há vários anos atrás e a localização do que foi a famosa e muito conhecida caverna de gelo", justificou o Sernanp.

Também foi instalado um mirante para que os visitantes possam "olhar os efeitos da mudança climática, refletidos no retrocesso de geleira".

A proposta permite percorrer a sub-bacia do rio Pachacoto, a "lagoa idosa" de Patococha, as paisagens de montanha, um laboratório natural para purificar água e as plantas de Raimondi, uma espécie das alturas andinas que pode chegar a vários metros de altura.

É oferecido ainda ainda um percurso pelas lagoas que formadas pelo retrocesso das geleiras que entre 2001 e o 2013 aumentaram 44 vezes de tamanho.

A nova rota termina com o passeio ao nevado Pastoruri e ao Centro de Interpretação, um local onde são mostrados restos fósseis que evidenciam a presença de dinossauros nessa parte do país.

A proposta procura aproveitar que as empresas turísticas mais importantes do mundo estão investindo "em um mercado sofisticado, que não pode ser em qualquer parte" e que as áreas naturais do Peru "se transformaram em uma oportunidade turística que nos oferece a adaptação à mudança climática".

A iniciativa foi um trabalho conjunto entre o Sernanp, o Ministério do Turismo através do Plano Copesco, a prefeitura distrital de Cátac e a comunidade camponesa de Cátac.

EFE   
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