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Má infraestrutura limita turismo de cruzeiros no Brasil, dizem especialistas

16 mar 2015 - 16h41
(atualizado às 16h41)
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A precariedade ou a carência de infraestrutura em portos do Brasil limitam as possibilidades do turismo de cruzeiro no país, avaliaram profissionais do setor em conferência iniciada nesta segunda-feira, em Miami.

Os problemas, contudo, se estendem para outras regiões de igual potencial turístico, como o restante da América Latina, o Caribe e a Ásia, analisaram os especialistas durante a 31ª Cruise Shipping Miami, que traz como tema neste ano o "Desenvolvimento da infraestrutura dos portos nos mercados emergentes".

Os ricos patrimônios culturais, paisagísticos e arquitetônicos atraem o turismo de cruzeiro para as regiões, mas a falta de infraestrutura, os altos custos operacionais e a complexa burocracia, entre outros fatores, dificultam que o setor decole nos mercados emergentes.

"As infraestruturas de terminais como os dos portos de Santos, do Rio de Janeiro e de Salvador, além de Buenos Aires, não estão totalmente adequadas às expectativas, não tem completa efetividade, com um nível de custo muito alto", apontou Gianluca Suprani, diretor do desenvolvimento da MSC Cruises.

Também limitam o crescimento do mercado de cruzeiro no país os problemas com as bagagens, a ausência de áreas exclusivas para os passageiros e terminais que ainda não estão em operação (o caso de Salvador), apesar de Suprani elogiar o trabalho dos operadores de turismo para "convencer dos valores do produto".

Os participantes da feira colocaram como exemplo da otimização de resultados e de um trabalho sério em termos de infraestrutura o porto de Busan, no sudeste da Coreia do Sul.

Jinsun Shun, da Autoridade Portuária de Busan, expôs as estratégias e desenvolvimento desse porto, transformado em centro do turismo de cruzeiros com o Japão e a China.

Desde 2004 as escalas no porto de Busan foram multiplicadas por quatro. Nos próximos anos serão 20 terminais operando, graças, em grande parte, "ao apoio vital do governo coreano", disse Shun.

"Ter transformado esse porto em uma base de operações do país tem revitalizado a indústria dos cruzeiros e o turismo marítimo na região", acrescentou.

Para o vice-presidente comercial do Royal Caribbean Cruises, John Tercek, existe um potencial de crescimento de 16,5 milhões de passageiros em mercados emergentes, mas o setor enfrenta desafios.

"A recessão que ainda atinge a Europa; o leste europeu que ainda não descobriu o turismo de cruzeiros; a 'Primavera Árabe', transformada no 'inverno árabe'; e incógnitas como o anúncio do presidente americano, Barack Obama, da lenta normalização das relações com Cuba", enumera o empresário.

Dentro desse panorama, Tercek afirma que o nordeste do Brasil carece de infraestruturas, o cone sul do Pacífico é longe e é muito caro, embora exótico, e o desenvolvimento do turismo de cruzeiros no Mar Báltico está "nublado" por causa das imprevisíveis ações da Rússia.

"Não é só uma questão de terminais, mas eles devem refletir as necessidades dos cruzeiros, com um projeto apropriado, eficiência e eficácia operacional, dando segurança e proporcionando, ao mesmo tempo, uma grande experiência ao passageiro", disse o vice-presidente de portos da Bermello Ajamil & Partners, Mark Ittel.

Mais de 900 expositores e 11 mil participantes de 125 países participam da feira em Miami, considerada como a principal do setor no mundo.

EFE   
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