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Alcatraz, Ushuaia, Port Arthur: conheça prisões turísticas

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Keren Valverde

Aqueles que não se sentem presos na rotina diária e que querem viver o que significa ser um recluso, podem passar suas férias visitando as antigas prisões mais conhecidas por sua dureza e inclusive se alojar em alguma delas.

Em Boston (EUA), o Liberty Hotel foi construído num prédio que abrigava um presídio
Em Boston (EUA), o Liberty Hotel foi construído num prédio que abrigava um presídio
Foto: EFE

Prisões de portas abertas

Ninguém que ponha o pé em San Francisco (EUA) quer perder um passeio pelo mítico e misterioso presídio de Alcatraz, do qual, segundo a lenda, ninguém podia escapar. A prisão, conhecida pela dureza de seu regime e a periculosidade de seus reclusos, fechou suas portas em 1963. Embora se acredite que foi depois da fuga de um de seus presos que ocorreu a decisão de fechar a prisão. Mas a decisão já estava tomada um tempo antes, pois era caro demais mantê-la aberta.

Suas portas voltaram a se abrir dez anos depois, desta vez transformada em uma atração turística visitada a cada ano por milhares de viajantes que podem contemplar como era a vida dos reclusos.

Em plena Patagônia, a cerca de poucos metros do Canal de Beagle, se ergue intacta a construção de pedra que já foi o presídio de Ushuaia (Argentina). A prisão foi construída com as mãos dos primeiros 23 presos que depois a habitariam. Em seu auge chegou a abrigar 800 presidiários, mas foi fechada prematuramente em 1947 quando se considerou que a cadeia desprestigiava a cidade. Conta a lenda que atrás de suas grades habitou Carlos Gardel, embora nunca tenham sido obtidos documentos que provassem sua estadia. Hoje, qualquer um pode visitar suas instalações, escutar histórias macabras sobre as torturas aos reclusos mais perigosos e contemplar fotografias da época.

Outra das prisões mais famosas por sua crueldade foi a de Port Arthur situada na ilha australiana da Tasmânia. O presídio foi pioneiro em incluir as torturas psicológicas, por isso que foi construído em 1850 em um prédio chamado Separate Prison (Prisão Separada), no qual os reclusos ficavam totalmente isolados por muros de pedra. A estética da prisão foi conservada desde então. Ao entrar nela, um guarda lê as normas e o regulamento carcerário como era lido a cada um dos reclusos que ali chegavam.

A visita se transforma em uma reprodução fidedigna de como viviam os presidiários que cumpriram pena em Port Arthur e para os mais atrevidos há visitas noturnas que percorrem os locais que, segundo contam as histórias locais, continuam sendo habitadas pelos espíritos de presos que morreram torturados.

Prisões vip
Deixando de lado a funcionalidade primordial de uma prisão, o certo é que muitos dos prédios que foram construídos para abrigar os presos são autênticas obras de arte arquitetônicas que foram transformadas em hotéis de luxo com todo tipo de atenção e comodidade.

Tal é o caso do Liberty Hotel, situado em Boston (EUA), em pleno centro histórico e com vistas para o rio. Sob a estrutura da antiga prisão construída em 1851 reluzem hoje quartos luxuosos, muito longe da "estética carcerária".

Para dormir em uma prisão não é preciso muito dinheiro. Em Liubliana se encontra uma antiga prisão militar que data de 1883, a época do império Austro-Húngaro. Quando a Eslovênia se tornou independente da Iugoslávia em 1991, o presídio se transformou no Hostel Celica. Desde então, suas 20 celas foram decoradas de forma diferente e no térreo foi criada uma galeria de arte na qual são organizadas atividades culturais.

Gastronomia carcerária

Mas não só as prisões que alojaram os mais perigosos delinquentes despertam a curiosidade do viajante. O turismo sombrio chega a restaurantes como Alcatraz (Tóquio), no qual os comensais recebem sua comida através das barras. Com uma decoração obscura e pitoresca, o cliente é tratado como um condenado à morte no transe de tomar sua última ceia antes do cadafalso.

Na prisão de Surrey (Reino Unido), fica The Clink, um restaurante também peculiar. Lá, os clientes podem desfrutar de uma comida como em qualquer outro local tradicional, mas atendidos por reclusos. O programa de reinserção da prisão permite aos internos trabalhar no restaurante, para o que devem seguir um curso sobre catering e passar por um processo de seleção.

Seja em prisões históricas ou em centros que continuam funcionando, o turismo ao redor das prisões é uma forma diferente de viajar, com o qual se pode aprender o que significa viver recluso entre quatro paredes.

EFE   
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