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Imagens de Pompeia anteriores ao bombardeio de 1943 são divulgadas

22 jul 2014 - 19h11
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As ruínas da cidade romana de Pompeia tal como eram a princípios do século XX, antes do bombardeio de 1943, podem ser vistas desde esta terça-feira em um documentário que recopila imagens rodadas pelo então Instituto Luce.

Trata-se de um audiovisual que mostra o estado da jazida arqueológica nos anos prévios à Segunda Guerra Mundial e permite ver algumas construções que já não existem.

O documentário foi divulgado pelo jornal "La Repubblica" e é elaborado com filmagens do arquivo do Instituto Luce, uma entidade nascida em 1924 como instrumento de propaganda fascista que, além disso, mostra nestes dias em Roma parte de seus fundos em uma exposição.

No documentário aparece o Schola Armaturarum, um edifício que servia para reuniões militares e como ginásio dos gladiadores e cujos afrescos foram destruídos no ataque aliado de 1943 e que desabou definitivamente em 2010.

As primeiras cenas mostram os trabalhos de valorização das ruínas da antiga cidade romana destruída pela erupção do Vesúvio no ano 79 d.C., que começaram nos anos 20 do século passado liderados pelo arqueólogo Amedeo Maiuri, superintendente do complexo de 1924 a 1961.

São os anos do fascismo de Benito Mussolini, nos quais Pompeia ampliou sua superfície visitável, com o descobrimento de novos edifícios, sepultados até então, graças às obras de reunificação das ruínas impulsionadas por Maiuri.

No entanto, segundo recolhe o jornal italiano, foi uma época na qual o regime fascista "distorceu a atividade de conhecimento e de valorização do patrimônio arqueológico com fins propagandísticos".

O arqueólogo Francesco Pesando assegurou que "a Pompeia dos anos 20 e 30 que aparece nos vídeos é o resultado de uma série de obras que foram realizadas sobretudo no começo do século XIX e que puseram em relevância dois núcleos da cidade: um é a zona oeste, onde estão o Fórum e as casas mais importantes".

Já o outro núcleo "abandonado, em torno do teatro, se encontra na parte oposta de Pompeia, na zona sudoeste, e foi escavado parcialmente pelos Borbones no século XVIII. A finalidade dos trabalhos das décadas de 10 e 20 do passado século foi unir ambos núcleos que estavam separados por u msegmento de campo".

Mas a Pompeia atual é diferente da das imagens do documentário que hoje é divulgado por causa, sobretudo, dos bombardeios que suportou durante a Segunda Guerra Mundial, concretamente em 1943.

Não aparece, por exemplo, a Via da Abundância, a rua mais frequentada pelos cidadãos e notória, assim como a mais visitada atualmente pelos milhares de turistas que vão contemplar, 20 séculos depois, os vestígios da urbe.

"A Schola Armaturarum foi descoberta nos anos 10 e revitalizada depois, e era muito boa para a propaganda política da época porque deve seu nome ao fato de que nela eram guardadas as armas e eram expostos os troféus das vitórias, como é possível ver nas filmagens", explicou Pesando no documentário.

A reconstrução desse edifício emblemático de Pompeia da época fascista foi realizada de forma diferente de seu aspecto primitivo após sua destruição pelos soldados aliados em 1943, na qual desapareceram seus afrescos originais, apesar de ter desabado definitivamente em novembro de 2010.

Segundo Pesando, este desabamento se deveu "ao uso de materiais que eram tidos na época como eternos e de confiança, como o concreto armado, que como sabemos agora não têm uma vida de mais de 50 anos".

O turismo de massas das últimas décadas à jazida próxima à cidade de Nápoles será no futuro, em palavras de arqueólogo, "o problema de Pompeia".

Para evitar o avanço de sua degradação, aguçada após o terremoto de 1980, a Itália e a União Europeia (UE) acordaram em 17 de julho retomar o Grande Projeto Pompeia.

Trata-se de um plano para gastar nela os fundos de um programa de investimento cofinanciado por ambas as partes e do qual só foi aproveitado completamente 1%, faltando um ano e meio para expirar.

EFE   
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