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Conhecer a gastronomia das comunidades, uma nova forma de aproveitar o Rio

7 ago 2013 - 06h04
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As comunidades pacificadas do Rio de Janeiro são também um poderoso destino turístico da cidade graças aos atrativos que a presença policial revelou aos cariocas e visitantes, como a vista para o mar e os restaurantes populares.

Desde 2008, o processo de pacificação das favelas, dirigido pelo governo estadual, trocou a liderança dos traficantes em muitas comunidades por unidades policiais, serviços básicos - como a coleta de lixo e correios -, e vários programas sociais.

Muitos moradores encontraram na gastronomia um modo de vida e, com isso, a Cidade Maravilhosa tem agora novos restaurantes que oferecem uma saborosa variedade de comidas, de especialidades brasileiras a pratos internacionais.

Alguns destes locais, como o Bar do David, na favela do Chapéu Mangueira, no Leme, ganharam fama internacional com a divulgação em veículos de comunicação de todo o mundo.

Não muito longe, na comunidade do Vidigal, está o terraço onde tia Léa serve sua famosa comida caseira, com reserva prévia, apresentando uma bela vista para as matizadas construções da comunidade e para o mar que banha as praias.

Léa explicou à Agência Efe que começou a alugar seu terraço quando convidou o cônsul da França, seu chefe na época, para almoçar e disse que já enviou cartas a Barack Obama e Nicolas Sarkozy para que façam o mesmo, embora ainda não tenha recebido resposta.

O cineasta Sérgio Bloch, que publicou dois guias com os melhores postos ambulantes de comida do Rio, editou este ano um livro sobre os melhores restaurantes das comunidades e as histórias de seus carismáticos donos.

Bloch teve a ideia quando fazia um documentário em favelas pacificadas e buscava, a cada dia, lugares diferentes para almoçar com sua equipe. Junto de seus colaboradores, ele visitou 97 restaurantes de 11 comunidades, analisando os critérios: comida, higiene e histórias pessoais dos donos.

Segundo o diretor, "a comida é o pretexto ideal" para conhecer estes lugares, desde o bairro da Providência, cujo bar Favela Point serve uma batida de balas e vodca, até o Dona Marta, que faz a festa com uma roda de samba e feijoada no primeiro sábado de cada mês.

No Bar Lacubaco, também no Vidigal, a dona Fabíola Barroso contou à Efe que há quatro anos buscava "um complemento" para o salário que recebia como fisioterapeuta e se uniu à empresa hoteleira do marido, Fábio Freire.

Fabíola explicou que agora, depois de muito aprendizado, eles tentam inovar constantemente e apresentar pratos mais diferenciados, como a "peixoada", uma adaptação da feijoada com frutos do mar, ou a picanha com molho de abacaxi.

O Bar Lacubaco fica na principal rua do Vidigal, a avenida João Goulart, e dali é possível contemplar o oceano Atlântico enquanto se degusta um filé com arroz à piamontese, outra das especialidades da casa.

Para Fabíola, que pretende fazer aulas de gastronomia para aperfeiçoar sua técnica, estes quatro anos foram recompensados: "Todo mundo elogia (o restaurante), cada vez vem mais gente. É o que queremos. Fazemos a comida como se fosse para nós".

Sérgio Bloch concorda: "O que acho mais interessante é essa resposta afetiva, emocional que (os donos dos estabelecimentos) tiveram" depois da publicação da guia.

"Muitos dizem: 'Caramba! Nunca tivemos tanta visibilidade, tanto reconhecimento do nosso trabalho'", comentou o diretor, enquanto, da cozinha do Lacubaco, seguem saindo pratos para o deleite de cariocas e turistas.

EFE   
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