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Cidade indiana se transforma em atração turística por sua limpeza

1 abr 2016 - 09h59
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Uma remota cidade do nordeste da Índia, um dos países mais poluídos do mundo, atrai diariamente centenas de turistas não por possuir imponentes monumentos nem por sua notável gastronomia, mas, simplesmente, por ser limpa.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), Nova Délhi é a capital mais suja do mundo e 13 das 20 cidades mais poluídas do planeta se encontram na Índia, cujo problema com a falta de limpeza é tamanho que o primeiro-ministro, Narendra Modi, teve que promover uma campanha nacional com essa temática.

Entretanto, a cidade de Mawlynnong, com seus impolutos caminhos, coloridos jardins e apenas um punhado de casas, é tão limpa que foi apelidada de "O jardim do próprio Deus", como indica a orgulhosa placa que dá boas-vindas aos visitantes.

A esplanada onde a cidade fica está deserta quando o sol começa a nascer, o silêncio é quebrado apenas pelas conversas das mulheres que saem para trabalhar no campo. Em poucas horas, no entanto, o lugar estará abarrotado de ônibus de turismo, caminhonetes e barraquinhas de batatas fritas, refrigerantes e lembrancinhas.

Todos querem ver de perto a que as propagandas e os panfletos descrevem como "a cidade mais limpa da Ásia", título dado pela revista "Discover India" em 2003.

A loucura turística começou menos de um ano depois desse reconhecimento, com a construção da estrada que dá acesso à cidade,afirmou à Agência Efe o guia Philip Carton Khongliang. "Antes ninguém visitava isso aqui", acrescentou.

No entanto, o apreço pela limpeza já corria pelas veias dos moradores há "três ou quatro gerações", quando os idosos de Mawlynnong começaram a se esforçar para manter suas casas arrumadas. Os esforços se estenderam, mais tarde, "aos arredores" e a cidade acabou por se transformar em um lugar "que respeita o meio ambiente".

Conforme uma nota explicativa no hotel comunitário que os moradores construíram por conta do aumento da demanda de visitantes, a transformação da cidade em ponto turístico começou graças ao impulso de um modesto projeto promovido por um professor da região e um clérigo.

Agora, a pousada, administrada pelo guia Philip, forma, junto a algumas casas particulares, a oferta hoteleira deste improvável paraíso turístico.

O crescimento é visível. Nos últimos dois anos, o processo de adaptação da cidade a seu novo status fez com que as estradas fossem pavimentadas e alguns trechos recebessem iluminação com energia solar.

Além disso, os moradores, que reciclam todo o lixo que produzem, não estão dispostos a comprometer a limpeza de suas terras por causa do turismo. As normas são claras e precisam ser respeitadas. Em Mawlynnong não se pode, por exemplo, jogar lixo na rua.

Para não ter dúvidas, todos os princípios estão perfeitamente enumerados em um enorme cartaz na entrada da cidade. O texto também adverte que os infratores serão punidos com multas ou entregues à polícia nos casos "mais sérios".

Philip considera que os moradores atuam como "polícia moral" e, quando veem algo errado, aconselham os turistas a manter a limpeza. Para evitar tentações, os caminhos estão repletos de lixeiras feitas de bambu pelos próprios residentes de Mawlynnong.

Poucas horas depois do pôr do sol, dezenas de veículos se amontoam no antes deserto descampado e muitos turistas passeiam entre as casas de bambu e madeira impressionados com a limpeza do lugar. Como se fosse um museu a céu aberto, alguns se aventuram pelos jardins para fotografar as flores com suas câmeras de última geração.

No final do ano passado, o governador de Meghalaya, Shri V. Shanmuganathan, escreveu ao primeiro-ministro Modi para contar a história do insólito povoado que preza pela limpeza.

"Tudo isto nos dá confiança de que nosso país será limpo através dos esforços dos cidadãos", respondeu então o primeiro-ministro em seu programa de rádio.

EFE   
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