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Acampar no deserto da Jordânia emula aventura, mas é obrigatório

30 jun 2009 - 09h19
(atualizado às 10h55)
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O conceito mais popular de deserto cai por terra quando se passa uma noite nas planícies de Wadi Rum no coração da Jordânia. O sentimento de solidão e isolamento, se não é presente durante o dia, também não dá as caras pela noite. Carros com músicos e mantimentos circulam durante no escuro entre os diversos acampamentos, e até os celulares têm sinal. Ainda assim, visitar e pernoitar em Wadi Rum são programas obrigatórios durante a visita à Jordânia e talvez perca espaço apenas para a "peregrinação" arqueológica em Petra na agenda dos que procuram turismo de aventura.

Passeio de dromedário é uma das atrações do deserto de Wadi Rum, na Jordânia
Passeio de dromedário é uma das atrações do deserto de Wadi Rum, na Jordânia
Foto: Renato Beolchi / Terra


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A visita ao local começa sempre pelo Centro de Visitantes de Wadi Rum (www.wadirum.jo/). É lá que o turista consegue as melhores informações sobre os passeios disponíveis para o deserto. As opções são muitas: passeios de dromedários, caminhadas, acampamentos, escalada de dunas, passeios a cavalo e viagens panorâmicas em balões de ar quente. Os preços, entretanto são tão variáveis quanto às opções. Uma estadia num acampamento beduíno com jantar e café da manhã varia de acordo com o número de visitantes, mas não ultrapassa muito os 50 dinares (cerca de US$ 60). Já um passeio de balão pode custar o equivalente a R$ 400.

Mas a quebra de conceitos de Wadi Rum não está apenas no ¿urbanismo¿ do local. A paisagem em si é uma das características mais marcantes deste deserto. As areias são finas e vermelhas e o horizonte é completamente recortado por montanhas da mesma coloração. Do centro de visitantes partem a todo o momento os veículos com tração 4x4 que fazem os passeios e levam os turistas aos principais pontos do deserto, além dos acampamentos, normalmente escorados nas montanhas. É virtualmente impossível explorar todos os recantos de Wadi Rum, mas a vantagem é que o deserto não é monótono em nenhum momento.

Wadi Rum está 260 km ao sul da capital Amã e apenas a 80 km de Petra. Por isso o passeio ao deserto acaba sendo uma extensão quase obrigatória na maioria dos pacotes turísticos da Jordânia. Bem como as caminhadas. Um das grandes vantagens de Wadi Rum são as montanhas e dunas que oferecem vistas indescritíveis da região. É preciso fôlego extra para encarar as subidas, mas vale a pena. Para escalar as dunas, as dicas que os beduínos dão é tirar os sapatos. Mas é imprescindível levar um bom par de tênis se o programa for caminhadas pelas montanhas da região.

Preservação da vida selvagem
Um dos valores mais defendidos por todos os profissionais de turismo da região é um apelo em nome da preservação da vida selvagem de Wadi Rum. Em geral, guias e turistas respeitam, mas é possível ver a ação depredatória de alguns visitantes menos educados. Inscrições nas paredes são as mais comuns formas de vandalismo da região. A preocupação dos especialistas vem do medo que algumas das inúmeras pinturas rupestres que existem nas paredes das cavernas e montanhas de Wadi Rum sejam danificadas.

O cuidado se estende também à fauna do deserto. Além dos dromedários e cavalos utilizados pelos beduínos, Wadi Rum apresenta uma grande quantidade de pequenos animais e roedores e insetos. Ao se caminhas pelas areias vermelhas do lugar é possível ver o rastro de diversos escaravelhos e solífugos, conhecidos popularmente no Brasil como aranhas camelo.

Do forno à geladeira
Como todo deserto, a temperatura em Wadi Rum pode cair bastante à noite. Por isso, se o plano for acampar no deserto é importante levar bastante roupa de frio como precaução. Entre os meses de maio e agosto as noites são menos frias já que o período engloba o verão da Jordânia. Por outro lado isso significa ter que encarar temperaturas de até 35°C durante os dias de sol. Por isso, para a aventura no deserto, tão importante quanto a roupa de frio, é um estoque de água mineral para encarar as caminhadas.

Outra forma de espantar o frio é levar uma garrafa de vinho. Mas é preciso comprar antes de se encaminhar para a região. Como é um país com mais de 90% de muçulmanos, as bebidas alcoólicas não fazem parte da mesa dos jordanianos. Entretanto, é possível encontrar bons vinhos produzidos no país, como tinto Mount Nebo, em lojas de duty free do aeroporto. A vantagem de se apelar ao free shop é driblar a sobretaxa de 25% que as bebidas alcoólicas têm no comércio regular da Jordânia.

História e cinema
O local é bastante visitado por sua importância história ¿ e consequentemente cinematográfica. Lawrence viveu algumas de suas maiores aventuras durante o levante árabe contra a ocupação otomana da região. Foi também em Wadi Rum que boa parte do filme "Lawrence da Arábia", que conta exatamente a história do militar inglês, vivido por Peter O'Toole, foi rodado.

As areias vermelhas de Wadi Rum inspiraram também o diretor Antony Hoffman que levou para lá os atores Val Kilmer, Carrie-Anne Moss e Tom Sizemore durante as filmagens de "Planeta Vermelho". Na fita, o deserto representou planícies de Marte. Mais recentemente, o deserto foi locação também de algumas cenas de "Transformers 2 - A Vingança dos Derrotados" que estreou recentemente nos cinemas brasileiros.

Nesta quarta-feira, leia sobre o turismo 5 estrelas do Mar Morto e do Mar Vermelho na terceira matéria do especial sobre a Jordânia.

O jornalista Renato Beolchi viajou a convite do Jordan Tourism Board.

Fonte: Terra
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