Conheça as etapas da vida de Cristo e o caminho espiritual de todos nós Eunice Ferrari/Especial para o Terra Somente quando conseguimos entender a história de Cristo de uma maneira simbólica podemos entender a verdadeira mensagem cristã relacionada ao crescimento humano e à evolução da alma. Quando isso acontece, quando percebemos que esses relatos da vida de Cristo não são meramente acontecimentos históricos, a chave dentro de nós se abre para a compreensão profunda de nossos processos de vida e nosso crescimento psíquico e espiritual, ou seja, a vida de cada um de nós. Dessa forma, conseguimos compreender que o Reino de Deus está em nosso interior e, alcançá-lo, depende unicamente de nós. 01 Crédito: Peter Paul Rubens/Wikipedia Primeira etapa: anunciação Maria e José formam um casal que, dentro de nós, simboliza nossas mentes inferior e superior. Maria, a mãe de Jesus, simboliza a alma espiritual, que reside no plano mental superior. José, seu pai, simboliza a mente inferior. Por isso, não foi José que gerou a criança divina, pois nossa intuição superior não pode ser gerada pela mente concreta, lógica, inferior. O Cristo é concebido pelo Espírito de Deus, e essa notícia foi dada a Maria por um mensageiro divino, o arcanjo Gabriel, que simboliza a vontade divina. A anunciação é o primeiro passo em nosso processo evolutivo, quando nossa consciência começa a desabrochar, deixando os limites da capacidade intelectiva e adentrando o espaço da percepção intuitiva, ou seja, a intuição espiritual começa a se manifestar na mente abstrata. 02 Crédito: Getty Images Segunda etapa: nascimento O nascimento do Cristo, que surgiu como a Luz do mundo, nos remete ao despertar para a vida espiritual, inerente em cada um de nós. A princípio, essa Luz permanece dormente em todos nós até que algo, alguém ou alguma situação nos desperte a consciência. Normalmente esse despertar acontece em situações de enfrentamento com extremas dificuldades, quando as trevas são mais profundas em nossas vidas. Jesus representa o que o homem possui de mais divino, a centelha divina que vive dentro de todos nós. Nesse momento, que é o nascimento, despertamos para a busca espiritual, procuramos um sentido maior para nosso difícil caminho de vida. A intuição espiritual se manifesta e o Cristo interior desabrocha, ou seja, nosso desejo pela busca espiritual. 03 Crédito: Fra Angelico/Wikipedia Terceira etapa: fuga para o Egito A vida é como um pêndulo. Sempre que ela pende para um extremo, deve inevitavelmente oscilar para o outro em algum tempo. Dessa forma, depois do despertar da Luz interior, do nosso Cristo interno, do nascimento divino, a força das trevas fica ainda mais severa. Herodes, na vida de Cristo, era o governante do mal, aquele que mandou matar todos os meninos nascidos na época de Jesus, com medo do poder que residia em sua força. No ser humano, Herodes representa nossa personalidade egocentrada, a força que decide manter tudo como está, que teme o nascimento da Luz e nosso crescimento interior, pois o nascimento dessa Luz certamente provocará uma revolução, ameaçando o status quo que construímos com tanto zelo, mas que nos mantém prisioneiros. Para que Herodes não mate o Cristo, a família deve fugir para o Egito, lugar onde os iniciados eram instruídos, um santuário dentro de nós. 04 Crédito: Getty Images Quarta etapa: batismo A imersão nas águas do Jordão, com o batismo de Jesus por João Batista, tem um profundo significado. A água, como todos sabemos, é usada como um símbolo das emoções e das paixões. Para que todos nós possamos passar para mais um estágio de evolução de nossas almas, para que nos tornemos capazes de agir de maneira equilibrada emocional e espiritualmente, somos obrigados a partilhar a dor do mundo, a abertura de nossos corações. O mergulho nas águas simboliza a profunda experiência de compaixão e cumplicidade com a dor dos que anseiam por uma vida mais feliz, por saúde e equilíbrio. Quando chegamos a esse estágio de evolução, estamos prontos para receber a graça Divina. A vontade espiritual começa a dominar o mundo material e o buscador toma consciência de seu objetivo, do sentido de sua vida. A consciência superior é despertada. Pode acontecer uma experiência mística. 05 Crédito: I.N. Kramskoi/Wikipedia Quinta etapa: ida para o deserto Essa etapa tem a ver com uma nova expansão de consciência, quando nosso intelecto recebe um poderoso estímulo, a capacidade analítica aumenta e aí podemos cair na armadilha da arrogância e do alto grau de criticismo. O diabo, no deserto, simboliza nossa sombra, os resquícios do orgulho, o egoísmo e a ambição pelo poder. O deserto simboliza a fase de secura e aridez que se segue a toda experiência de exaltação espiritual. Todos os místicos passam por essa etapa. É um estado interior que é simbolizado pelos 40 dias de jejum de Jesus, um estado de depressão, de secura emocional, de faltas e dificuldades que devem ser enfrentadas através de “testes” que devemos passar. O próprio Jesus se recusou a usar seus poderes para satisfazer suas necessidades. Devemos nessa fase renunciar, como Jesus, saciar nossos desejos de poder, ambição e ao orgulho. Muitos místicos caem exatamente nessa armadilha, e não conseguem renunciar às tentações do mundo. Nessa fase devem acontecer a purificação e o domínio dos sentidos. É a verdadeira luta do espírito contra a matéria e o desapego das coisas do mundo material. 06 Crédito: Leonardo da Vinci/Wikipedia Sexta etapa: Santa Ceia Jesus e seus doze apóstolos simbolizam a totalidade do ser humano, com todas as suas características, tanto as positivas quanto as negativas. A casa onde a ceia ocorre representa nosso corpo físico, o que deve ser entendido como o templo de Deus. A Ceia tem seu lugar em um estado de consciência elevado e Jesus representa nossa natureza divina, nosso Cristo interior. Pedro, por exemplo, representa nossa impulsividade e incapacidade de controlar nossas emoções. Judas, com sua cobiça e ambição, simboliza nossa sombra, que nos acompanha até o caminho da iluminação. João representa nossa alma, nossa consciência mais profunda, aquela que busca inspiração no alto. A sagrada eucaristia representa a integração de todos nós com nossa totalidade. Os doze discípulos recebem de Jesus o pão e o vinho, símbolos de sua carne e sangue. A carne do Cristo representa o conhecimento espiritual, o alimento que traz a iluminação. O sangue simboliza a vida divina, o fluido da essência humana. 07 Crédito: Giovanni Bellini/Wikipedia Sétima etapa: transfiguração A transfiguração retrata o processo de iluminação parcial do ser humano, uma elevação do estado de consciência. Depois do domínio da natureza inferior, a iluminação pode acontecer. Só a partir disso acontece o despertar dos poderes espirituais. Jesus tomou Pedro, Paulo, Tiago e João e os levou para um lugar à parte, um alto monte, e ali foi transfigurado diante deles. Ele iluminou-se. Seu rosto brilhou como o Sol, e suas vestes tornaram-se alvas como a Luz. Assim que conseguirmos dominar nossa natureza menos nobre, a iluminação acontece. O monte significa um estágio superior de consciência, assim como o céu significa o mundo espiritual. 08 Crédito: Andrea Mantegna/Wikipedia Oitava etapa: Gethsemani Este é o início do processo de tornar-se o que eu sou em essência, o que normalmente chamamos o encontro com o “si mesmo”. Esse processo ocorre depois da ceia e é um momento de profunda solidão, quando percebemos que nascemos sós e morreremos sós. O desamparo nos acompanha, este é um momento de angústia e sofrimento em que não conseguimos nenhum apoio, nem interno e nem externo. Nos evangelhos, essa passagem é simbolizada pelos discípulos dormindo durante a oração. Mesmo Jesus, nesse momento, pediu a Deus: “Pai, se queres, afasta de mim esse cálice”. No entanto, sabia que sua missão não permitia desistências e aceita as consequências de uma vida altruísta e de total desapego e submete-se humildemente à vontade divina. 09 Crédito: Getty Images Nona etapa: crucificação (a última prova) Depois que aceitamos beber o cálice amargo da vida de busca, de evolução espiritual, passamos para a próxima experiência, que certamente é a mais dura de todas: a crucificação. A cruz simboliza o espírito preso na matéria. A última prova é compreender a separatividade e tentar unir corpo e espírito, a mente inferir à superior, o bem e o mal. A morte que todos nós vivemos é simbólica, logo após o que se chama “a noite negra da alma”, o processo de sofrimento intenso, o sofrimento que nos leva à morte simbólica, nos leva à plena consciência de nossa natureza espiritual. Pregar o corpo na cruz simboliza a impotência, a prisão, o sentimento de pleno abandono. O próprio Cristo em suas palavras: “Deus, por que me abandonaste?”, retrata plenamente todos esses sentimentos, que afloram em todos nós, enquanto passamos pela experiência da crucificação, que traz consigo o sentimento de que o sofrimento é nosso companheiro inseparável. 10 Crédito: Raphael/Wikipedia Décima etapa: ressurreição Enfim, nosso ser superior assume o comando de nossas vidas e a essência, nosso “si mesmo”, assume o controle. O espírito triunfa sobre a matéria. Depois dos 40 dias no deserto, da crucificação e da simbólica descida de três dias aos infernos, finalmente o espírito alcança o céu, o equilíbrio, a paz. Neste momento, o ser humano se apercebe de sua espiritualidade. Mais que isso, que é um ser espiritual. 11 Crédito: Rembrandt/Wikipedia Décima primeira etapa: ascensão Depois da ressurreição, o sentimento que experimentamos é o de união com Deus. Sentamos enfim, simbolicamente, ao lado direito do Pai. Atingimos o estágio final de evolução psíquica e da alma. O grau máximo que um ser humano pode alcançar nesta encarnação. Libertamo-nos das prisões neuróticas, do sentimento de abandono e de rejeição, libertando-nos de amarras desta e de outras vidas. O anseio por fazer algo maior pelas pessoas e pela humanidade aumenta e toma conta de nosso espírito. Esse é o nosso estagio de evolução final, o estágio que toda alma terrena deveria alcançar. mais especiais de esotérico