E se a casa toda fosse uma grande varanda? Foi a partir dessa ideia que o grupo de arquitetos da empresa Mareines-Patalano planejou a Casa Folha, um projeto sustentável de casa de praia. “A estrutura não representa nenhuma folha específica, ela veio da mistura de um desejo de proteção solar e da necessidade técnica. O cliente gostaria que não houvesse hierarquia entre os quartos, todos eles têm vista direta para o mar por conta da inclinação das alas, de 45°”, explica um dos idealizadores do projeto, Rafael Patalano.
Passada a dificuldade para oferecer uma visão do mar a todos os hóspedes, a próxima prioridade foi garantir a circulação de ar. O projeto aproveita a brisa do mar para refrigerar a área, dispensando ou minimizando o uso de aparelhos de ar condicionado. “O primordial é que ela fosse aberta e, ao mesmo tempo, protegida do sol. Em Angra dos Reis faz muito calor e o que mais gasta energia é resfriar o ambiente”, ressalta o arquiteto. A obra demorou 11 meses para ser concluída. Dela participaram os arquitetos Rafael Patalano, Ivos Mareines, Flavia Lima, Paula Costa, Rafael Tretti e a paisagista Maria Adania.
A parte térrea funciona como um conjunto de varandas. É totalmente aberta, a não ser pelos dois quadrados de vidro – que servem como sala de jantar e home theater – e os dois cubos de madeira, que abrigam uma suíte térrea e a cozinha.
Além da circulação de brisa por todo o andar térreo, é possível canalizá-la também à parte superior. As janelas das suítes se abrem totalmente, e os quartos podem também ser transformados em terraços. Para manter a sintonia com a natureza, o paisagismo foi muito importante.
Fora as plantas que margeiam a casa, algumas espécies foram inseridas no interior, próximas à escada e à entrada da suíte térrea e da sala de TV. Outro ponto interessante é o veio d’água que corre na ala posterior da casa. A impressão que se tem é que a água do laguinho sai da piscina, mas não. Nele foi usada água doce, sem cloro, com plantas e carpas. Outra solução sustentável foi o uso de água da chuva para regar os jardins internos. Ela é coletada no telhado e armazenada no centro da residência, em uma cisterna.
Vista da sala de estar, que é uma espécie de varanda, já que é toda aberta para a entrada da brisa do mar, que refrigera a casa naturalmente. Há uma área reservada às refeições com uma mesa de 14 lugares.
Foto: Leonardo Finotti
Foto tirada a partir do meio da casa, no segundo andar. À esquerda é possível ver a piscina e, ao centro, o mar.
Foto: Leonardo Finotti
Visão aérea da casa. As folhas superior e inferior são varandas com pés-direitos duplos. As outras quatro têm suítes no segundo andar e home theater e sala de jantar no térreo.
Foto: Pedro Lobo
Nessa imagem é possível ver a faixa de areia que funciona como “quintal” da casa e o píer.
Foto: Pedro Lobo
“A suíte tem dois lados, parece um barco. Dá para abrir totalmente as janelas, e o quarto vira uma varanda”, explica o arquiteto Rafael Patalano, um dos idealizadores do projeto. Cada janela mede 2 m de largura por 2,5 m de altura. Se abrir tudo, cada quarto fica com uma abertura de 4 m por 2,5 m.
Foto: Leonardo Finotti
Chapas de cobre pré-oxidadas forram a piscina e protegem a área por até cem anos. Em cima, o beiral de cobre diminui a altura do telhado e impede que a chuva entre na varanda.
Foto: Leonardo Finotti
O interior da cozinha. Como o térreo da casa é uma mega varanda, o cômodo é montado em uma espécie de “caixotinho”, para que possa se manter fechado sem afetar o aspecto visual do projeto.
Foto: Leonardo Finotti
Imagem feita a partir da praia. Embaixo da suíte da direita, tem uma sala de jantar com ar condicionado e paredes de vidro retráteis. Com uma estrutura idêntica, do outro lado, funciona o home theater. Além das caixas de som espalhadas pelo cômodo, foram instaladas cortinas até o chão, que ajudam a manter a acústica no espaço.
Foto: Leonardo Finotti
O projeto arquitetônico da casa foi concebido em parceria com o paisagístico, de Maria Adania.
Foto: Leonardo Finotti
A comida ocupa o coração da casa. O centro da casa foi destinado à área de churrasco. Além da churrasqueira, o local tem baquetas de madeira. No segundo andar, os quartos são separados por um mezanino que serve como ponto de observação. Os arquitetos responsáveis pelo projeto – Rafael Patalano, Ivos Mareines, Flavia Lima, Paula Costa e Rafael Tretti – optaram por não usar corredor na construção.
Foto: Leonardo Finotti
A varanda do fundo que dá acesso à entrada terrestre da casa é chamada de Lounge Brasileiro, pois tem várias redes para relaxar.
Foto: Leonardo Finotti
Cozinha vista pelo lado de fora. Ela é feita de madeira, concreto e vidro translúcido.
Foto: Leonardo Finotti
Essa é a única suíte térrea, localizada ao lado da sala de TV. Ela foi feita para o pai do proprietário, que é idoso e não pode subir escadas. O futon serve como cama e é revestido de seda.
Foto: Leonardo Finotti
No banheiro, a bancada ficou para o lado de fora. As cortinas de seda vão para o closet e as portas na lateral da pia dão acesso ao vaso sanitário e ao chuveiro. O chão – disposto em espinha de peixe - é um misto de tábuas de peroba mica (madeira mais clara) e ipê (madeira mais escura).
Foto: Leonardo Finotti
As quatro suítes do andar superior são iguais. Todas elas têm vista direta para o mar. A cama foi feita sob medida, o desenho foi baseado nas mesas laterais, um dos primeiros itens comprados para os quartos. O ar condicionado fica “escondido” em uma caixa de madeira em cima da cama. Atrás da cama, há uma escrivaninha, utilizando a mesma estrutura do móvel. O desnível da mesa lateral serve para acomodar livros e revistas.
Foto: Leonardo Finotti
Como a sustentabilidade é a palavra de lei da construção, o telhado é de eucalipto, uma fonte natural de crescimento rápido e renovável. Foram usadas madeira certificada e madeira reaproveitada nos pisos. O forro é de bambu cortado em tiras com luz embutida.
Foto: Leonardo Finotti
No home theater não tem sofá, só um grande futon com almofadas. À esquerda, há uma entrada para a suíte térrea pelo jardim.
Foto: Leonardo Finotti
Vista pela estrada que dá acesso ao imóvel. Ela fica em um condomínio fechado. Por isso, é possível manter toda a estrutura aberta com segurança.
Foto: Leonardo Finotti
O piso foi feito com madeira recuperada de postes antigos. Tudo leva madeira, bambu, concreto ou vidro, não há uma só parede pintada na casa.
Foto: Leonardo Finotti
Lounge com vista para o mar. É a ala mais ampla da casa, com 20 metros de comprimento. A varanda posterior pé um pouco menor, com 16 metros de comprimento. A casa tem 36 m por 32 m.
Foto: Leonardo Finotti
A casa tem uma área de 800m², e cada quarto acomoda um casal. Ao todo, é possível hospedar dez pessoas. “Para uma festa, ela quase não tem limite, principalmente se o tempo estiver bom”, calcula Patalano.
Foto: Leonardo Finotti
A casa fica em Angra dos Reis. Inicialmente, havia uma pequena choupana no local. O píer é herança dessa época.