O artesanato está na moda. E, acredite, apesar da fartura brasileira nessa área, essa é uma tendência que começou no exterior. “Essa coisa de móveis trançados, com estética orgânica, valorização das curvas e de aparência natural vem da Itália. A gente tem visto muito disso nas feiras e nas coleções dos principais designers”, afirma o arquiteto Diego Revollo, de São Paulo.
Ainda que esse seja um frisson com raízes estrangeiras, o nacional compete em pé de igualdade. “Tem artesanato no Brasil que corresponde a design de ponta”, avalia Revollo. Com a vantagem de que emprega uma parcela da população geralmente segregada da produção criativa.
O designer Sérgio Matos mantém um estúdio na Paraíba e usa mão de obra de comunidades do próprio estado e de Minas Gerais. Confecciona móveis com estrutura de alumínio, corda e ferro fundido. O desenho e a concepção dos protótipos são feitos pelo empresário; a produção fica a cargo de associações especializadas. A ideia é capacitar a população e usar artesãos qualificados. “Muitas famílias trabalham com produção em corda há anos, é algo passado de pai para filho.”
A arquiteta carioca Alexandra Albuquerque, hoje trabalhando em São Paulo, é uma entusiasta do uso do artesanato na decoração – seu próprio apartamento e o da irmã são exemplos disso. “No meu apartamento tem coisas das viagens que fiz, artesanato do Brasil e de outros países.”
Em geral, segundo a arquiteta Paula Ferraz, também de São Paulo, os moradores geralmente colocam as peças na sala, na varanda gourmet ou no terraço. Mas as possibilidades são muitas. “Se a decoração for clean, permite algumas ousadias, principalmente em detalhes como tricôs feitos à mão, coisas em fibras, junco, cerâmica, quadros rústicos de madeira de demolição e esculturas de pedra-sabão. Ou ainda, um tapete de couro e algodão ou com chenille.”
É verdade que não é uma tendência que agrade a todos. ““Quando faço projeto para cliente, levo em conta o perfil da pessoa. Tem muita gente que não gosta, aí não dá para forçar”, afirma Alexandra. O receito das pessoas, avalia Revollo, é de que fique alto kitsch. “O melhor é usar peças grandes, dar destaque para elas. Como uma cadeira ou pufe com palha trançada. Evitar peças pequenas, que lembram souvenir, a menos que seja uma coleção.”
Neste ambiente concebido pelo arquiteto Marcus Carrasco e pela designer Renata Amado, a trama trançada aparece diversas vezes, como nos vasos e nas cadeiras. Informações: (11) 2228-1588
Foto: Rubinho / Marcus Carrasco
Apesar de rústicos, os acessórios estabelecem uma harmonia com a decoração clean
Foto: Rubinho / Marcus Carrasco
Móveis de palha são uma ótima opção para áreas externas, como terraços, piscinas e churrasqueiras
Foto: Rubinho / Marcus Carrasco
Artesanato sofisticado, o quadro de temática indígena é produzido no Brasil. À venda no Depósito Santa Fé. Informações: (11) 3031-2270
Foto: Divulgação/ Depósito Santa Fé
Este quarto é de um apartamento no Rio de Janeiro que a arquiteta Alexandra Albuquerque projetou para a irmã. Informações: (11) 98305-2095
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
A intenção foi aproveitar peças artesanais que a irmã já possuía
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
A parede floral dá o aspecto romântico ao quarto, afirma Alexandra. O banco com pintura em azul-royal lembra o estilo colonial visto em cidades históricas como Paraty
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
A colcha de crochê foi feita pela mãe, e a moldura do espelho é de uma loja no Rio que vende artigos de palha. Lembra aquela decoração dos anos 80, com muita palha, um estilo como o da novela Dancin' Days. É bonito e barato, diz a arquiteta
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
A bonequinha da mesa lateral foi comprada em uma viagem. É feita de folha de bananeira
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
Nesta casa no bairro do Jacarepaguá, no Rio, a ideia de Alexandra Albuquerque foi dar um aspecto de residência de veraneio
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
Um cantinho com referência bem brasileira: cadeira de balanço de palha com manta feita de fuxicos
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
Na mesma linha típica, combinação da galinha d'angola e da concha no aparador
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
Para aproveitar a sombra da varanda, foi colocada uma rede, que veio direto do Nordeste
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
O tapete de linha é simples, mas um clássico do estilo "faça você mesmo"
Foto: Divulgação/ Alexandra Albuquerque
O designer mato-grossense Sérgio Matos, hoje na Paraíba, usa elementos de culturas regionais em seu trabalho. Informações: (83) 3063-2366
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
Ele uniu o artesanato nordestino a um visual mais pop, bem colorido
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
O trabalho é feito em parceria com comunidades da Paraíba e de Minas Gerais
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
Os cestos, bancos e poltronas são confeccionados com estrutura de alumínio revestida de corda
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
O designer também trabalha com outros materiais, como madeira, palha e metal
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
O desenho e o protótipo são feitos por Sérgio Matos. Ele então contata artesãos que, após treinamento, produzem as peças
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
Esta luminária tem desenho parecido com o dos cestos. Seu maior charme é a luz que passa pelos pequenos buracos do trançado
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
Este tapete foi feito em parceria com a loja Kamy, que cuida também da distribuição da produção
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
Matos mantém um estúdio na Paraíba para ficar mais próximo dos locais de produção. "Existem pessoas muito qualificadas por aqui. Já repassei a confecção dos móveis para outros estados, mas não deu tão certo"
Foto: Divulgação/ Sérgio Matos
O Ponto Solidário é uma associação que reúne produtos de artesanato de diferentes pontos do Brasil e de vários materiais, como cerâmica, bambu, madeira e sementes. Esta bailarina é feita de palha de milho. Informações: (11) 5522-4440
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
A boneca de cerâmica é feira no Vale do Jequitinhonha. A tradição é passada de mãe para filho há décadas
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
Esta máscara é utilizada na festa da menina-moça da tribo Tikuna, no Amazonas. O evento inclui um ritual de iniciação quando as meninas da tribo ficam menstruadas
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
Este açucareiro produzido no Vale do Jequitinhonha é bonito e funcional. Pode ser mantido na mesinha de café
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
O quadrinho de cerâmica, tridimensional, foi produzido na cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
Jogo americano feito de renda de filé pela comunidade de Feiticeiros, no Ceará
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
Sousplat de taboa, planta aquática típica de brejos e manguezais. Veio do Piauí e foi confeccionada pela Associação Trançados de Taboa Alda da Silva
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
Xilogravura do poeta Abraão Batista, que pode ser usada como quadro para dar destaque à sala ou ao hall de entrada
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
O vaso de capim dourado é produzido pelos Pequenos Produtores de Mateiros, em Jalapão, Tocantins. A técnica foi difundida à comunidade local por uma filha de índia
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
O totem de madeira de buriti representa Nossa Senhora e o Menino Jesus. Vem de uma comunidade de artesãos do Piauí
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
Peneira usada pela tribo Sateré-Mawé, da Amazônia, para extrair o caldo do açaí
Foto: Divulgação/ www.pontosolidario.org.br
Segundo o arquiteto Diego Revollo, o artesanato é uma tendência que veio de fora. Peças trançadas, como este pufe, são vistas nas feiras do exterior. Este é da marca Secrets de Famille. Informações: (11) 3722-4605/ 3083-7949
Foto: Divulgação/ Secrets de Famille
As cadeiras de palha são um clássico da decoração nacional e têm aquele ar de casa da avó
Foto: Divulgação/ Secrets de Famille
O revestimento também pode ser feito com uma palha mais rústica e resistente
Foto: Divulgação/ Secrets de Famille
O biombo de bambu serve como enfeite ou parede para separar ambientes