Tecnologia impulsiona encontro de crianças desaparecidas
O dado é do Governo Federal e soa como alarme: cerca de 40 mil crianças desaparecem todos os anos no Brasil. A fim de combater esse problema, ocasionado muitas vezes por descaso familiar, abuso sexual, tráfico de órgãos e de pessoas, o designer Felipe Bueno e o administrador Ramon Guedes, ambos de 29 anos e moradores de Mogi Mirim, Estado de São Paulo, criaram a ONG Não Encontrado.
A entidade, que completou dois anos em 2014, tem por objetivo “prevenir, encontrar e combater o desaparecimento de pessoas, com foco nas crianças, por meio do uso da tecnologia, inovação e relacionamentos”. Com recursos próprios, Bueno e Guedes são auxiliados por uma dezena de voluntários para propagar informações relevantes que possam conduzir ao paradeiro das pessoas desaparecidas.
“A Não Encontrado visa ser um braço importante e de conforto aos familiares e amigos de pessoas desaparecidas, ajudando-os nesse reencontro. A sensação de impotência quando esse fato ocorre é avassaladora, e casos assim só são noticiados, quando veículos populares decidem compram a causa. O descaso por parte das autoridades é tão ou mais sufocante que a perda do próximo”, enfatiza Guedes.
Ultimamente, a dupla tem utilizado o Facebook como principal canal de divulgação do projeto, já que a rede social tem mais de 70 milhões de brasileiros cadastrados. A ONG está desenvolvendo ainda site, blog, e aplicativos para smartphones e tablets, que permitirão saber, por exemplo, a geolocalização dos desaparecidos. Segundo os criadores, uma simples pulseira colocada no braço de jovens e adultos, emite, através de um chip similar ao de um telefone celular, informações a satélites e gera a localização exata de quem a usa.
Número de casos comunicados é baixo
Apenas uma criança foi achada até o momento pela ONG, em Mogi Guaçu, Grande São Paulo. “Os dados são repassados com extrema velocidade e muitas outras podem ter sido encontradas pelo nosso projeto, mas, infelizmente, a informação não chegou até nós”, diz Guedes.
Ele explica que o apoio, o carinho e o amor da família e amigos é o melhor remédio nessas horas: “A autoestima de pessoas que passaram por processos de sumiço com traumas é fragilizada ao extremo, ainda mais quando crianças, em processo de formação da sua personalidade”.
Guedes deixa claro que as histórias que mais os sensibilizaram até hoje são todos os casos envolvendo crianças e pessoas com deficiência mental. “Em sua maioria, se mostram vulneráveis e incapazes de defesa.”
No futuro, a intenção é estar presente em todo o País, com escritórios e parceiros que possam representar a causa social. “Devemos profissionalizar a busca por desaparecidos, que infelizmente não possui ONGs ou instituições suficientes com um planejamento estratégico de fóruns, workshops e seminários. Acreditamos e sabemos como implantar esse formato de trabalho”, conclui Guedes.